Envio para todo o país

Saiba os prazos de entrega e as formas de envio.

Último disponível!

Características principais

Título do livro
Ensino de Geografia e Avaliação
Autor
Raimundo Lenilde de Araújo; Lineu Aparecido Paz e Silva
Idioma
Português
Editora do livro
Editora Sertãocult
Capa do livro
Mole
Ano de publicação
2020

Outras características

  • Quantidade de páginas: 152

  • Altura: 22 cm

  • Largura: 15 cm

  • Com páginas para colorir: Não

  • Com realidade aumentada: Não

  • Gênero do livro: Educação,Ensino,Geografia

  • Subgêneros do livro: Educação,Geografia

  • Tipo de narração: Acadêmico

  • Idade mínima recomendada: 10 anos

  • Idade máxima recomendada: 100 anos

  • ISBN: 9786587429168

Descrição

Miolo: 152., tamanho 15 x 22 cm, 1 x 1 cores, em off set 75g.

É sempre motivo de contentamento e gratidão um convite para apresentar um trabalho de colegas que levam a sério a Pesquisa no Ensino. Mas é também motivo de receio pela consideração que o convite representa, pois sabemos de nossa responsabilidade quando nos dão esta tarefa. Neste caso, quero ressaltar a satisfação pela possibilidade de conhecer e apresentar um trabalho com essa temática particular, e a apreensão por saber do desafio que é conseguir expressar corretamente, nestas poucas palavras, o significado de práticas avaliativas no processo de Ensino ressaltando a Geografia.

Tenho convicção de que avaliar é uma das mais espinhosas tarefas docentes. E por que digo isso? Avaliar, como subsídio na tomada de decisões, é sempre julgar com base em um diagnóstico. Ainda que “rodeado” de critérios conscientemente definidos e selecionados, avaliar é um ato de julgamento, e é subjetivo. Portanto, quem julga realiza esse ato buscando minimizar as influências dessa subjetividade.

Contudo, é importante que se tenha consciência de que é muito difícil ser plenamente objetivo nesse caso, e mais ainda ser justo, pois sempre há a possibilidade de que injustiças sejam cometidas. Esses aspectos inerentes à avaliação, em qualquer prática do nosso cotidiano, como julgamento, definição de critérios, busca de objetividade e justiça, entre outros, expressam sua complexidade. E isso se agrava quando se acrescenta a possibilidade frequente de que essa prática implique em desdobramentos, em tomada de decisão, em consequências para o que ou quem é avaliado.

Esses elementos já anunciam a relevância de se refletir sobre o ato de avaliar, mesmo em ações cotidianas simples, quando, por exemplo, julgamos uma pessoa por sua aparência imediata e já tomamos decisões sobre uma demanda qualquer que essa pessoa seja portadora. A relevância é maior ainda quando se está referindo à avaliação na escola, onde práticas tradicionais são consolidadas e naturalizadas, o que dificulta fazer reflexões críticas e realizar experiências alternativas.

Essas práticas avaliativas tradicionais são tão arraigadas socialmente que mesmo crianças de quatro e cinco anos já repetem, em suas brincadeiras infantis de escola, máximas apregoadas no cotidiano escolar, do tipo: “prestem atenção! Porque vai cair na prova!”; “você se comportou mal, então sua nota é Zero”; “você deve fazer tudo do jeito que eu ensinei, se não sua nota será baixa”.

Mudar essas práticas é um desafio! As investigações, as produções teóricas, as propostas dão conta de uma compreensão ampla dessa prática escolar, definem com clareza critérios mais adequados para sua realização, indicam preocupações a serem consideradas nas tomadas de decisões após se avaliar, mas permanece o desafio de colocar em prática essas propostas e indicações.

No cotidiano escolar, os professores acham positivo avaliar, atribuindo sua importância à necessidade de acompanhar e controlar os resultados de aprendizagem dos alunos, ajudando-os com isso a se desenvolverem.

Entretanto, muitos apontam que a instituição limita suas possibilidades, destacando entre essas limitações as avaliações externas que periodicamente são aplicadas nas escolas.

Essas avaliações fazem parte da política educacional e são realizadas por órgãos nacionais e internacionais, que buscam, com sua aplicação, apreender resultados de aprendizagem com base em testes padronizados e de larga escala para tomar medidas amplas alicerçadas nesses resultados.

Não se pode deixar de ressaltar o sentido da avaliação escolar que predomina entre os alunos. Os rituais da rotina na escola consolidam e reforçam uma experiência estudantil com avaliação que está ligada a traumas, a estresse, a cobrança e punição. Essa experiência compromete os resultados do processo, prejudicam em muitos casos a real apreensão da aprendizagem dos alunos, pois estes nem sempre conseguem expressar, em situações tensas de provas, por exemplo, o que aprenderam em sua plenitude.

De todo modo, é necessário enfatizar que a avaliação escolar é um dos fatores que contribuem para uma escola de boa qualidade. No entanto, para que seja uma atividade potencializadora dessa qualidade, é importante que suas propostas sejam fundamentadas em concepções sobre a escola, o ensino de conteúdos e suas finalidades, e que sua prática seja criteriosa, mas ao mesmo tempo generosa e mais compreensiva com os erros dos alunos, enxergando neles indicativos de suas aprendizagens e dificuldades.

Algumas questões a respeito do papel da escola em uma proposta de educação escolar são basilares: – O que é uma escola de boa qualidade? Como pensar nessa escola sob o ponto de vista dos alunos? Sem dúvida, é uma escola que, sem distinguir classe, gênero, raça, sexo, religião, assegura a todos o acesso ao conhecimento sistematizado e ao desenvolvimento da capacidade de pensar e refletir dos alunos. Mas é, ao mesmo tempo, uma escola que leva em conta a diversidade social e cultural dos alunos, suas diferenças, sua subjetividade.

E a avaliação, como componente do processo de ensino e aprendizagem, não pode ser praticada de modo separado, isolado de todo esse propósito pedagógico, ao contrário, ela é parte integrante e deve ser uma ação coerente com ele.

Por tudo isso, considero muito adequado e oportuno trazer a público um livro como esse, em que se discute o ensino de uma disciplina específica, a Geografia Escolar, articulado com a prática de avaliação. Em seus textos são abordados temas muito relevantes, quando se trata de compreender a avaliação como momento do processo de Ensino, articulado aos outros momentos, como o planejamento e a realização do processo propriamente dito.

Entre esses temas, destaco os instrumentos avaliativos, apontando o peso significativo da prova na tradução das rotinas avaliativas; a avaliação na formação inicial do professor; os fundamentos de uma avaliação formativa e diagnóstica; práticas de professores com a avaliação na escola; instalações geográficas como atos avaliativos ligados a uma avaliação construtiva.

São textos que partem de questionamentos interessantes, apresentam fundamentos teóricos e referências de autores que contribuem com o tema, e trazem resultados de investigações decorrentes. Entre os questionamentos norteadores, podem ser destacados: – Como em contextos específicos os professores desenvolvem suas práticas avaliativas? Como avaliar na prática escolar? Por que é necessário avaliar? Por que é necessário avaliar em Geografia? Como levar em conta a diversidade dos alunos e ao mesmo tempo ficar atento aos parâmetros dos direitos iguais dos alunos ao conhecimento sistematizado? Como a avaliação escolar contribui para isso? Qual o papel da avaliação na definição da rotina escolar e na definição dos conteúdos efetivamente ensinados?

Em conjunto, os textos deste livro parecem confluir para a ideia de que a avaliação tem caráter político e pedagógico, é subsídio importante para a tomada de decisões, deve ser contínua, estar articulada ao objetivo máximo do ensino, que é o de construção do conhecimento pelo aluno e de seu desenvolvimento amplo, intelectual, afetivo, emocional.

No entanto, sabe-se que, na prática corrente, ela permanece, em grande medida, como forma de manter o controle do comportamento dos alunos, de mensurar seu conhecimento com métricas objetivas, de classificá-los com base em padrões preestabelecidos. Nesse caso, o currículo oficial é a principal referência, muitas vezes seguido rigidamente, e sua prática está voltada para a atribuição de notas. Como bem denuncia Cipriano Luckesi, um especialista reconhecido na área e referenciado pelos autores do livro, estamos mais habituados a praticar exames e menos a avaliar, o que, de fato, não é a mesma coisa.

Além de se fazer estas ponderações e reflexões mais gerais a respeito da prática da avaliação escolar, é pertinente também investigar aspectos dessa prática com disciplinas escolares específicas. Esta é outra contribuição do livro, os textos apresentam elementos desta temática referentes especificamente ao ensino de Geografia, o que contribui com esta área de investigação, tendo em vista que se trata de uma temática ainda pouco estudada com a devida profundidade e amplitude.

Sobre isso, identificam-se nos textos indicações, como: avaliar, tendo como referência os conhecimentos geográficos, seus conceitos e conteúdos essenciais; considerar nas avaliações os lugares de vivência dos alunos; explorar a capacidade de o aluno desenvolver raciocínios multiescalares; acompanhar resultados dos alunos no que diz respeito à sua capacidade de localizar fenômenos, de saber distribuí-los no espaço; buscar o desenvolvimento do conceito de espaço geográfico.

Enfim, o leitor tem em suas mãos um ótimo material de estudo sobre avaliação escolar, que contribui para ampliar os conhecimentos teóricos a respeito do ensino de Geografia e as práticas avaliativas, seus desafios, seus resultados, suas potencialidades. Sua leitura certamente contribui para compreendermos a complexidade do processo de ensino e aprendizagem e para reforçar convicções sobre a relevância de uma escola de boa qualidade, que incentiva os alunos a estudar, os acolhe e os desafia a ampliar seu conhecimento sobre o mundo e sobre si próprios, o que é fundamental para o desenvolvimento da cidadania ativa, tão importante no contexto brasileiro atual.